sábado, 31 de maio de 2014

Você sabe trabalhar sob pressão?


Olá!



O título deste post vez ou outra é também tópico investigado em entrevistas de emprego. E, posso afirmar que é sem dúvida, um assunto espinhoso, evitado por muitos. Algo como aquele prato em que poucos são apreciadores.

Tenho aprendido que não adianta torcer o nariz para a pressão, pois ela é um componente da vida. É uma das forças presentes na natureza e, portanto, ao lutar contra ela gasta-se muito mais energia do que aprendendo a conviver e a extrair dela o que nos seja útil.

Sim, há muita pressão ao nosso redor:

Alimentos são preparados sob pressão, pneus dos carros dependem de pressão para rodar com segurança, os níveis de pressão atmosférica também interferem na produção de alimentos, respiração humana, etc.

No trabalho também utilizamos a palavra pressão, dando significado à soma das expectativas, cumprimento de promessas, prazos, etc. 

Quanto maior a expectativa de solução, maiores serão os níveis de pressão pelos resultados. Em geral, os níveis de pressão são inversamente proporcionais ao prazo desejado, ou seja, quanto menor o prazo que você tiver para realizar sua entrega, maior será a pressão para que seja realizada a tempo e com qualidade.

E, quanto mais competitivo for o mercado e área de negócios que você atuar, maiores os níveis de pressão e tensão por resultados melhores, em menor prazo, com os melhores custos. Ouve-se a cada dia: "fazer mais com menos". Pressão por resultados, por melhores condições de sobrevivência.


É fato que pressão está presente em nossas vidas, mas ela é sempre saudável?


Refletindo sobre esta pergunta, encontrei alguns elementos para provocar nossas discussões:

Há um velho ditado popular, em que dizemos: "A diferença entre o remédio e o veneno é a dose". Sim, pois mesmo o mais eficiente medicamento, pode se tornar uma arma em caso de superdosagem. Ou se consumido a menor do que o prescrito, reduz-se a eficácia do tratamento, ou seja, somente a dose certa, pesquisada, indicada por especialista pode ter os melhores resultados.

Tomando este raciocínio como base, creio que já ficou mais fácil de descobrir em qual nível de pressão devemos viver. Em meu Caminho tenho aprendido que está no equilíbrio das forças o segredo dos movimentos harmônicos, agradáveis e cheios de valor.

Um violão, por exemplo, depende do nível correto e equilibrado de tensão em suas cordas, e somente assim, consegue-se extrair dele as notas corretas no tom adequado. Para cada melodia, ambiente, músicos, há uma afinação ideal. Caso contrário, ou o som fica desagradável, mesmo para ouvidos destreinados, ou as cordas arrebentam, em caso de excesso de tensão. Bons músicos ensaiam frequentemente e buscam a melhor afinação, melhor fluidez, maior e melhor repertório em suas apresentações.

Novamente, o equilíbrio é o fator chave para a harmonia.

Acredito que precisamos de líderes que saibam agir como bons músicos, que zelam de seus instrumentos (equipe) e, que ensaiam (treinam) constantemente em como produzir com eles, as melhores melodias (resultados), com afinação perfeita (qualidade), gerando a melhor experiência em sua platéia (expectativas da empresa, acionistas, etc).

Neste caso, liderar poderia ser comparado a buscar o nível correto de tensão (pressão) a ser exercido a cada corda do seu violão. Para cada música a ser tocada, em cada corda, um nível diferente de tensão deve ser empregado. Assim pode ser na equipe, onde a liderança precisa conhecer diariamente, qual o nível de pressão pode colocar em cada componente, para conseguir a melhor performance, no melhor ambiente de trabalho.

Quantos de nós desistimos facilmente nas dificuldades? 

Quantos que ao ganhar ou comprar um violão, por exemplo, entram em um curso, até começam a aprender tocar o instrumento, tiram as primeiras notas, as músicas mais básicas e simples. Mas quando vem a aula da "pestana" ou o "dedilhado", ou seja, posições mais difíceis e exigentes, logo as dificuldades colocam o velho violão na lista do "desapega"...

O mesmo acontece com chefes. Conheço muitos profissionais que ao serem promovidos, tempos depois caem na armadilha de deixar de ensaiar (treinar) novas músicas, pois receberam mais pressão, e com o tempo, devolvem intensidade errada de pressão para a equipe e esta, como um violão desafinado, produz muito aquém do que se espera... música ruim, repertório fraco, salão vazio, cantor desempregado... esse é o resultado.

Aproveitando um trecho da letra da música interpretada brilhantemente por Leila Pinheiro, escrita por Walter Franco, chamada "Serra do Luar", quero concluir este artigo, pois encontrei nela uma reflexão profunda sobre a forma de agir sob pressão:

"...Viver é afinar o instrumento (de dentro)
De dentro prá fora 
De fora prá dentro
A toda hora, todo momento
De dentro prá fora
De fora prá dentro

(...)
Tudo é uma questão de manter
A mente quieta
A espinha ereta
E o coração tranquilo..."



O que tenho aprendido é que procurar o equilíbrio emocional pode ser um bom começo. Pensar menos e agir mais, arriscar mais e reclamar menos, experimentar mais e fugir menos, aprender mais e desistir menos... Aos poucos equilibrar-se no caminho. Colocar energia na tentativa e aprendizado na caminhada. 

Fugir da pressão? Jamais! Preciso dela para provar que consigo vencê-la.

Tenho certeza que não é nada fácil, mas, como um bom músico, não me canso de ensaiar todos os dias.

E agora, consegue viver sob pressão?

Abraços.




Link para a música Serra do Luar



6 comentários:

  1. É verdade, Burgomaster Rodrigo!
    "...Viver é afinar o instrumento (de dentro)
    De dentro prá fora
    De fora prá dentro
    A toda hora, todo momento
    De dentro prá fora
    De fora prá dentro

    (...)
    Tudo é uma questão de manter
    A mente quieta
    A espinha ereta
    E o coração tranquilo..."
    Percebeste o 'coração tranquilo...' da música?
    Talvez, a pressão, o stress (sobrecarga) que o ambiente profissional venha a produzir possa ser dosado por essa sensação forte de que 'todos estamos no mesmo barco', lutando forte por um ideal que 'seja de todos'. O stress no professional surrounding muitas vezes acompanha outros sentimentos muito desgastantes, como a raiva 'pelo outro ficar na boa' enquanto 'eu me mato', como o medo 'de eu ser demitido por qualquer dá_cá_uma_palha' já que ocupo uma posição facilmente substituível ou, ainda, como a certeza de que tudo aquilo é 'inútil, ilegal ou engorda'.
    Mesmo na comparação com a afinação das cordas de um violão, há um 'coração tranquilo...', quanto a buscar 'o que é melhor' na execução CONJUNTA, violonista-violão, da música com a qual se sonha.
    Parabéns pelo artigo e pela abordagem felizmente simples de um tema tão controverso, especialmente num período na história brasileira em que a metrologia da produtividade arranca os cabelos de uma considerável parcela de gestores.
    Genial, como sempre!

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    1. Oi Prof. Martins, muito obrigado pelo gentil comentário!
      Sim, nossa vida tem sido cheia de excessos, infelizmente alguns escolhem tocar a música de forma desafinada. Fica para nós, os apaixonados pela Educação Transformadora, ajudar a apontar um outro caminho, que talvez seja mais prazeroso e tranquilo.
      Um forte abraço.

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  2. Já fiz uma entrevista, onde essa foi a pergunta : Sabe trabalhar sob pressão ?
    Na hora respondi, que sim, pois num desenho hierárquico, todos somos pressionados, cobrados.A cobrança vem de cima para baixo (se bem que,"cobro" sutilmente alguns vendedores, rupturas nas lojas).
    Mas,os líderes adotam esses ou aqueles padrões, que acabam por "desafinar" a equipe ... não por medo da pressão e sim, por atos ou palavras desanimadoras.
    Vi um caso, que um líder pressionou tanto a equipe, depois não aguentou e saiu da empresa ... antes de sair, estava levando alguns á demissão !
    Tudo tem que ser na medida certa ! Sem desespero, de ambos os lados.Prazos, metas, tudo são desafios, mas uma boa música, soa melhor nos ouvidos !
    Parabéns, a pausa foi exemplar, abraços !

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    1. Olá Anônimo, obrigado por deixar seu comentário. Fico feliz que tenha gostado. Abraços

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  3. Excelente. Somente conseguimos este equilíbrio se formos capazes de acreditar nas possibilidades. Acreditar sempre e pensamento positivo. Podemos resumir dizendo Fé! Abraços

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    1. Oi Silvia. Acredito que o caminho é esse, a busca pelo equilibrio. Fácil, não é, mas podemos tentar. Aprendemos aqui, erramos ali, melhoramos aqui, bobeamos ali... e assim é a vida. cheia de oportunidades. Concordo contigo que a fé e a perserverança podem ser boas companhias na caminhada. Abraço.

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