Nos tempos atuais, vemos os anúncios da dificuldade em encontrar pessoal qualificado. Em contrapartida, a quantidade de pessoas insatisfeitas com seu trabalho, amontoa a pilha de desmotivados e em baixa performance nas organizações.
Algo está errado, com certeza!
A satisfação no trabalho depende de vários fatores que passam pelas condições e ferramentas, remuneração adequada, estilo de liderança, opções de aprendizagem e desenvolvimento, dentre outras. E, com certeza, encontrar significado no trabalho é um desafio muito interessante e importante para todos nós.
Então, o que fazer? Com o perdão do trocadilho: vamos começar do começo. Ou seja, da contratação.
Vê-se que muitas empresas erram porque contratam pela competência e demitem pelo valor. É comum em lugares assim ouvir justificativas de demissões como: "esta pessoa não tinha o nosso jeito...", ou ainda "...ela não se adaptou à cultura da empresa...". Chefes de lugares assim, orgulham-se em proferir "...tivemos que trocar algumas peças...", como se gente fosse uma peça que quebra, estraga e pode-se jogar fora e ir à loja da esquina comprar outra.
Respostas como esta, indicam oportunidade de melhorar, em muito, as relações humanas.
Selecionar alguém é atividade altamente crítica para qualquer negócio. Lamentável que ainda seja pouco valorizada, seja quando realizada por profissionais com pouca experiência ou quando o gestor, "dono da vaga" nem aparece com tempo suficiente para uma entrevista decente com os candidatos. Selecionar é atividade de garimpeiro, de artista da busca pela pessoa certa para o lugar certo.
Sou um apaixonado pelo comportamento humano. Sempre procuro aprender algo com as pessoas que conheço ou convivo. E quando preciso selecionar alguém, costumo fazer a seguinte pergunta: "Conte-me sua história". E é interessante como existem pessoas que tem dificuldade de entender esta simples pergunta.
Conheci candidatos que ao ouví-la saíam a contar sua trajetória profissional (até mostrando em seu curriculum). Outros que não conseguiam nem conectar os fatos ou realizações em uma linha do tempo de suas vidas...
Quando peço sua história, quero conhecer realmente a origem deste indivíduo, que é único e diferente de todos os demais. Quero saber onde nasceu, com quem viveu, se tem ou mora com os pais, se frequenta igreja, se gosta de cachorro quente ou de sorvete, se chorou ao ver seu filho andar, dentre outras coisas...
Simples assim!
Estas informações pessoais são muito importantes se você quer realmente conhecer os valores dessa pessoa. Com um pouco de interesse e percepção, você descobrirá como ela pratica a honestidade quando abre o coração de verdade, a paixão quando se orgulha de algo ou alguém, a determinação quando conquistou aquela bicicleta na infância, a gratidão ao relatar a luta de seus pais dentre outros elementos de essência, de sua alma, de seus valores.
Acredito que quem não tem orgulho de sua própria história, dificilmente vai querer construir uma história ao nosso lado.
Selecionar por valores é muito mais complexo do que qualquer outro método de seleção existente. Pois exige usar a parte humana do selecionador e não cabem aqui as regras, perguntas prontas, questionários de perfil, matrizes e outros truques ou técnicas de dentro da cartola do entrevistador.
Para selecionar por valores o entrevistador tem que ser apaixonado por gente, precisa acreditar que são as pessoas que fazem a diferença, que gente não é peça muito menos recurso.
Mas tenha certeza, ao encontrar pessoas que compartilhem dos seus valores e dos valores da organização, estas serão as pessoas que ajudarão esta organização a ir ao futuro e a transformar o ambiente no melhor lugar para se trabalhar.
Pense nisso!